segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Galinhas, inseticidas e atenção contra escorpiões

ADRIANA BENEVENUTO,


3º PERÍODO



"Há mais ou menos 30 dias achei cinco escorpiões lá em casa, não procurei a zoonoses porque eles não fazem nada; quando teve surto de rato eles não fizeram nada, então não fui procurar eles não", queixa-se a dona de casa Silvani Pereira, 33 anos, moradora do Bairro Dom Cabral há dez. Segundo ela, um amigo encontrou escorpiões em um corredor do lado externo da casa onde mora, área que fica situada logo de frente para a rua. Assustada com a presença desses animais, Silvani procurou resolver o problema por métodos próprios. “Eu coloquei três galinhas lá em casa para ver se resolvia alguma coisa, e eu acho que resolveu, porque depois não apareceu mais, então deixei as galinhas lá até hoje", conta. Ela revela ainda que seus vizinhos também encontraram escorpiões no lote onde vive cercada por barracões. "Os meus vizinhos sabem que eu encontrei e eles também acharam, e é perigoso, sei que é perigoso, tenho um filho de cinco meses, então a gente preocupa", completa. A relações públicas Ellen Barros, de 22 anos, moradora do bairro há cinco, conta que desde 2008 tem notado a presença dos escorpiões. "Encontrei o primeiro na parede da cozinha da minha antiga casa e outro embaixo do tanque", lembra. Consciente do perigo oferecido por esses animais, Ellen tomou precauções semelhantes à de Silvani. "Coloquei inseticida contra baratas, que é o principal alimento dos escorpiões, e duas galinhas no terreiro por um tempo, já que elas são predadoras de escorpiões", explica. Ellen disse ainda que foi atrás de soluções para o problema com os escorpiões. "Fui até o posto de saúde onde sabia que existe um setor de zoonoses, e para cumprir formalidades liguei na prefeitura para abrirem um pedido de vistoria no lote", relembra. Questionada sobre o local de onde possam estar saindo os escorpiões, Silvani tenta achar explicações. "Talvez esses escorpiões venham do lote vago da empresa que tem lá perto de casa. Tem uns seis lotes, e não sei quem são os donos", diz. "Antes, as caçambas vinham e jogavam muito lixo, agora até que eles pararam, mas tem muito lixo lá", acrescenta a dona de casa. Ela acredita ainda que a rede de esgoto de sua rua também seja um foco que agrava essa situação, alegando que mora perto de uma das caixas que abastece toda a sua rua. Ellen concorda com o pensamento de Silvani ao afirmar que "os escorpiões saem da rede de esgoto, já que o bairro é muito antigo", diz. Não só no Dom Cabral é possível encontrar escorpiões. Prestadora de serviços gerais para a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), no campus do Bairro Coração Eucarístico, Geni de Jesus diz que já encontrou escorpiões onde trabalha,no prédio 42 da PUC. "Eu entrei lá dentro do banheirinho no laboratório de vídeo e tinha uma vassoura encostada, e quando eu fui tirar a vassoura, ele (o escorpião) estava lá atrás. Estava vivo. Eu dei uma batida nele, ele ficou quieto, aí os meninos foram lá com um vidro e o colocaram dentro do vidro com álcool", relata Geni. Ela conta ainda que não teve medo de tentar matar o escorpião. "Ele não ataca a gente assim não, ele só ferroa se a gente pegar nele, pisar, sentar em cima", conta. Geni acredita que, na PUC, os escorpiões podem sair da mata que circunda a universidade. A técnica superior de saúde e bióloga, Nancy Rebouças, coordenadora de área do Dom Cabral do Centro de Zoonoses da Região Noroeste, alerta a população dos acidentes mais comuns causados por escorpiões. "São aqueles desencadeados por falta de atenção e cuidados básicos como, por exemplo, observar bem os objetos antes de usá-los ou manuseá-los, como sapatos, roupas, toalhas, pedaços de madeiras, tijolos", diz a bióloga. Segundo ela, diversos fatores podem causar o aumento de escorpiões em uma determinada região, como o desalojamento desses animais provocados por uso de inseticidas, apesar de não existir inseticida com eficácia comprovada contra o escorpião; oferta de alimento, como baratas atraídas pelo acúmulo de lixo e restos de alimentos; e oferta de abrigo, por meio de materiais como madeira e pedras empilhados de forma desorganizada. "Para amenizar a situação ou eliminar os escorpiões deve-se evitar alimento e abrigo para escorpiões, deixando a casa sempre limpa, sem lixo e alimentos que possam atrair baratas, e organizada, e também vedar frestas de portas e ralos", alerta Nancy. "Além disso, como os escorpiões entram nas casas principalmente pela rede de esgoto, caixa de gordura, instalações elétricas e telefônicas, fosso do elevador ou frestas, é essencial manter estas estruturas adequadas e bem vedadas", completa a bióloga. Os cidadãos que encontrarem escorpiões em casa podem ligar para o 'Ligue SUS-BH' no 3277 7722 ou ainda para o número 156, e solicitar para atendimento em sua residência e o agente de zoonoses irá fazer a vistoria no local. Em caso de picada, Nancy recomenda que a vítima seja encaminhada ao Hospital João XXIII, e que, se possível, colete o animal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário